terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ainda há quem arrisque e invista no comércio da Baixa de Coimbra


Uma pequena viagem, da praça 8 de Maio à Portagem, mostra cerca de uma dezena de lojas com as portas fechadas. As que existem tentam sobreviver da melhor maneira.
Com os saldos quase a acabar, vêem-se muitas pessoas a passear pelas ruas. Algumas “perdem” o seu tempo para apreciar e “deitar o olho” aos preços atractivos das montras.
Loja sim, loja não, é visível uma mistura de placas coloridas, a assinalar a percentagem de saldo, de cada artigo. “Isto é uma técnica para atrair os clientes”, explicam alguns comerciantes. Contudo, ao que parece, a técnica não está a ser suficiente para afastar a crise.
A concorrência no mercado da distribuição de bens de consumo no nosso País sofreu, nas últimas décadas, enormes e forçadas transformações que, de uma forma natural influenciaram a mudança dos hábitos de compra dos consumidores, alterando radicalmente todo o sistema comercial, desde a importação ao retalhista, passando pelo armazenista.
Antes da investida inesperada do poder económico e financeiro no sector da distribuição, o mercado do comércio a retalho pertencia, todos ele, às micro e pequenas empresas do sector, hoje chamado Comércio Tradicional. A concorrência entre comerciantes fazia-se de uma forma correcta e saudável, procurando cada um melhorar as condições de venda, atendimento e atracção do seu estabelecimento, na tentativa de conseguir aumentar a sua cota de mercado, contribuindo, embora sem precipitações, para a modernização do comércio.
Repentinamente, sem qualquer aviso prévio ou consulta às organizações representativas do comércio retalhista, sem qualquer plano ou estudo que permitisse, de forma equilibrada, intensificar a concorrência e apenas suprir necessidades estruturais, os sucessivos governos e instituições do estado com incentivos fiscais e outras facilidades concedidas às organizações económicas e financeiras, nacionais e estrangeiras, apoiaram-nas no seu plano de invasão do sector da distribuição, bem visado, e com estruturas comerciais que tinham e têm como objectivo concentrar em si todo o comércio em todo o território nacional e apagar do mapa comercial do País, todos os outros comerciantes.
Os governos que deviam controlar, planificar e prevenir, para que uma parte significativa da sociedade civil não sofresse, ela só, os prejuízos materiais e sociais, decidiu, em vez disso, apoiar os invasores e a sua “guerra”, os ataques economicamente violentos e sucessivos dos “hippers”, já por si possuidores de “armas” financeiras e técnicas superiores, benesses fiscais, horários especiais, localizações estratégicas e acessibilidades únicas, para que a conquista do mercado não pudesse, de forma alguma falhar.
Os servidores do poder financeiro nos governos, cumpriram e continuam a cumprir bem a missão que lhes foi encomendada pelos “patrões” da economia do País.


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