terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Politécnico de Coimbra aponta "lacunas e erros" a estudo de impacte ambiental do TGV


O Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) considera que o estudo de impacte ambiental (EIA) do traçado do TGV previsto para a zona norte da cidade de Coimbra contém várias "lacunas" e é "altamente lesivo" para o campus da Escola Superior Agrária, uma das unidades da zona por onde deverá passar a linha de alta velocidade.

Num documento elaborado por um grupo de trabalho da Escola Superior Agrária (ESAC) e que foi entregue à Agência Portuguesa do Ambiente e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, no âmbito do processo de participação pública no projecto, alerta-se para o facto de o EIA não ter em conta os impactes provocados pela passagem do TGV pelo campus e de não avaliar devidamente factores de risco para o projecto relacionados com a existência de duas ribeiras nesse local.

O responsáveis do IPC dizem constatar com "perplexidade" e "desagrado" que o EIA nem sequer se "refere de forma explícita ou implícita à ESAC", nem ao seu "património natural e/ou edificado, ou à sua missão". "Tamanha desconsideração deixa a instituição perplexa e desagradada", refere o IPC num comunicado enviado ontem à comunicação social.

José Gaspar, um dos docentes dos cursos de Engenharia do Ambiente e dos Recursos Florestais que integrou o grupo de trabalho da ESAC, afirma que o traçado proposto para o TGV é altamente lesivo para escola e não analisa "devidamente" as condições existentes no terreno. "A entrada em túnel feita na zona da mata da escola, que está prevista no estudo prévio do projecto, é feita numa das áreas de floresta de maior valor ecológico das espécies. Por outro lado, é uma zona onde existe uma ribeira e uma bacia hidrológica que nos parece ser completamente ignorada no estudo ambiental ", afirma o docente.

De acordo com o estudo da ESAC, o traçado do TGV não cumpre também todas as disposições legais, já que, em algumas zonas, passa a menos de 50 metros de edifícios da Escola Agrária. Para conciliar os interesses em jogo, o grupo de trabalho da ESAC propõe um traçado alternativo, um pouco mais a sul, que, para José Gaspar, tem o "mérito" de não "retalhar por completo" o espaço da Escola Agrária. Os responsáveis pela ESAC esperam agora que as sugestões de alteração do percurso sejam analisadas pela comissão de avaliação do EIA.

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